Música cultura e aprendizado uma questão a resolver

Lei para ensino de música nas escolas se perde no meio do caminho

Por Ana Paula Rocha
anapaula.oerj@gmail.com
 

Para muitos, música é somente uma diversão. Já outros a tem como estilo de vida e algumas pessoas acreditam que a música pode trazer uma bagagem cultural e muita aprendizagem. A junção de todas as formas de se lidar com a música deve caber em uma única lei criada há quatro anos.

A Lei 11.769 sancionada pelo então presidente, Luis Inácio Lula da Silva, obriga o ensino de música em todas as escolas públicas e privadas do Brasil, para envolver crianças e adolescentes no ambiente musical. No entanto passado, quatro anos da decisão e aprovação da lei 11.769, o índice de escolas que acataram as ordens é pequeno e algumas não têm trabalhado corretamente.

De acordo com o Coordenador executivo da Quanta Educacional – Sistema e-SOM, Jobert Michel Gaigher, a lei deixa um vácuo a respeito dos métodos de ensino de música, o que permite alguns equívocos. “Depois de 40 anos você ter que trabalhar música nas escolas, nós encontramos várias dificuldades e uma delas é a ausência de profissionais capacitados. São 40 anos sem formação universitária, sem professores de música, então não tem professores capacitados pra cumprir essa demanda ”, argumenta.

Para obter métodos satisfatórios e eficazes no ensino de música e também levar um conteúdo que mostre para os alunos o que é música, como tocar os instrumentos e qual função que cada um exerce dentro da música, é necessária uma boa formação para os professores.

Preparados para ensinar

Muitas escolas já tem o ambiente musical inserido em seu dia a dia, mas muitas vezes de maneira vaga, apenas como uma atividade extra, e não como matéria curricular. Atividades como cantar antes do início da aula, na hora da refeição em muitas escolas possuem as fanfarras onde os alunos participam tocando algum tipo de instrumento. E para essas atividades os professores recebem alguma preparação?

A professora da Creche Ângela Masiero, que fica em Santo André, Eliana Chagas, faz parte do grupo de professores que começam a ter esse preparo.  “Estamos tendo uma formação, oficina de capacitação musical, que além de nos aproximar do universo de um músico, nos propõe atividades práticas de musicalização com as crianças. Esta formação ainda não atinge todos os professores da rede, mas pretende atingir”, afirma.

Outro ponto importante é como o curso é dado, hoje podem ser encontradas oficinas aonde crianças aprendem a fazer e a tocar instrumentos recicláveis, mas sem muito aprofundar no estudo teórico da música.  “Esse tipo de abordagem eu acho legal, mas nós vemos que ele não fornece uma visão da música contemporânea, principalmente levando em consideração a música eletrônica que é, no final das contas, a música ouvida por esses jovens, e que é feita pelo computador,” completa Gaigher.

Enquanto isso, para a professora adjunta da Escola de Música da UFMG e coordenadora do projeto Música na Escola Regular (promovido pelo MEC e Escola de Música da UFMG), Betânia Parizzi, a ausência e as mudanças de hoje são pontos fracos. “São mais de 30 anos de ausência do ensino da música nas escolas brasileiras. O mundo tecnológico e globalizado alterou radicalmente os costumes e a vida contemporânea. Ainda não se sabe exatamente o que deve ser ensinado. Só temos uma certeza: esse ‘conteúdo’ deverá ser contextualizado de forma a respeitar as diferentes realidades brasileiras e a faixa etária e o interesse dos alunos”, analisa Betânia.

Música para desenvolvimento

A importância da música na vida dos jovens e crianças é reconhecida por professores, pais e, principalmente, pelos próprios alunos. Como o é o caso da estudante Caroline Ferrari, que participa da fanfarra na escola. “Foi muito bom (aprender música), e ajudou bastante, a atenção durante as aulas melhorou muito”, explica.

Para a pedagoga e mãe da estudante, Luciana Claudia Ferrari, a música traz muitos benefícios para o desenvolvimento pessoal e intelectual de crianças e adolescentes. “A música, além de ser eficaz ferramenta de acolhimento e interação entre crianças e adolescentes, trabalha a atenção, imaginação, contribui para o processo de aquisição da leitura e escrita, descoberta corporal entre outras, pois é algo que envolve todos de forma agradável, corroborando assim para o desenvolvimento pleno de todos os envolvidos. Além disso, a música permite um trabalho de revalorização da cultura popular”, pontua.

E não tem idade para se aprender música. No Colégio Itatiaia, a música é trabalhada desde o berçário até o fundamental II e sempre buscando desenvolver cada um de seus alunos. “A instituição sempre esteve preocupada com a formação do educando de maneira global e não apenas de forma ‘conteudista’, ou seja, da forma tradicional, na qual o aluno é um mero assimilador de conteúdo e o professor o detentor único do conhecimento”, afirma o trompetista e professor de música do Colégio Itatiaia, em São Paulo, Robson Menezes de Almeida.

Apesar da ausência de suporte da Lei 11.769, algumas escolas buscam inserir em sua grade curricular aulas de música, procurando integrá-las ao cotidiano dos alunos e mostrando que ela pode ser tão importante quanto as aulas de português e matemática. Para que a Lei não caia no esquecimento, cabe à cada escola, professor, pais e alunos trazerem para sua rotina a música e lutar para que ela assim permaneça.

FONTE: http://www.oestadorj.com.br/?pg=noticia&id=10544


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