O uso da tecnologia na educação – Jornal da Tarde – Página 2

A maioria das escolas brasileiras possui equipamentos que possibilitariam dar os primeiros passos na inserção de seus alunos nessa nova era digital. Porém, esses mesmos equipamentos por vezes não são realmente utilizados, até porque parte dos próprios professores ainda não está inserida na “era digital”.

É fato que vivemos em um mundo afetado pela revolução tecnológica. Na maior parte do tempo, estamos apenas tentando nos adequar a esses primeiros anos da chamada sociedade da informação, pois afinal, este avanço parece ser tão irreversível quanto a própria utilização da luz elétrica. Os computadores são as ferramentas mais versáteis que já vimos até hoje. Eles se transformam em quase tudo: calculadoras, máquinas de escrever, TVs, videogames, aparelhos de DVD, livros, instrumentos musicais, estúdios fotográficos, mapas, comunicadores instantâneos, enciclopédias e muito mais.

Como podem acessar o grande acervo cultural da humanidade, que cada vez mais está presente na internet, não seria demais dizer que atualmente o computador é uma espécie de grande cérebro virtual, capaz de guardar e disponibilizar uma quantidade de informação jamais imaginada antes. Mas o que fazer quando grande parte da população ainda não está incluída digitalmente? Qual o papel da educação na inserção das crianças neste novo contexto tecnológico?

Estudos internacionais mostram que crianças que possuem contato com computadores desenvolvem melhor a inteligência, e sugerem que a tecnologia pode acelerar o aprendizado. O estado americano do Michigan, por exemplo, investigou 22 mil alunos que usavam notebooks pessoais na escola e os levavam para casa. Em um ano, a proporção de estudantes com proficiência em leitura subiu de 29% para 41%. Já o porcentual dos aprovados em matemática dobrou, de 31% para 63%.

Outro levantamento, feito na província canadense da Colúmbia Britânica, concluiu que o maior ganho foi na habilidade de escrita, que elevou em 30% o índice de aprovações. O computador também é uma ferramenta contemporânea, que faz parte do cotidiano dessa nova geração. Por ser dinâmico e interativo, oferece subsídios em diversos formatos, que contribuem para a construção do conhecimento de maneira multifocal e abrangente.

Uma pesquisa, encomendada pela Cisco e conduzida pela Clarus Research Group, apontou que 100% dos profissionais da área de educação no Brasil acreditam que o uso da tecnologia deve mudar a maneira como os estudantes aprendem. Eles apontam para uma aprendizagem “conectada”, onde a tecnologia tem papel importante na preparação da força de trabalho do futuro. Mas, a inclusão digital é, sem dúvidas, um desafio. E se quisermos inserir as crianças neste novo fenômeno, devemos começar pela formação dos professores.

A maioria das escolas brasileiras possui equipamentos que possibilitariam dar os primeiros passos na inserção de seus alunos nessa nova era digital. Porém, esses mesmos equipamentos por vezes não são realmente utilizados, até porque parte dos próprios professores ainda não está inserida na “era digital”. A solução para isso é uma reforma na Educação por meio de um grande projeto de formação dos professores na utilização das novas tecnologias – conceito comprovado pela mesma pesquisa da Cisco, que também apontou que, para 88% dos entrevistados, a tecnologia deve aprimorar até mesmo a forma como os professores ensinam.

Não adianta adotar novas ferramentas e continuar com as mesmas metodologias. A adoção de novas tecnologias precisa ser acompanhada de uma proposta pedagógica contemporânea, que contemple as necessidades dos alunos desse novo tempo; uma proposta que atenda a nova geração de estudantes, atordoados por uma avalanche de informações desordenadas, e que leve em consideração todas as consequências trazidas por elas – boas ou más. Essa nova proposta pedagógica precisa ser capaz de orientar alunos e professores na boa utilização da tecnologia, e ao mesmo tempo, ser de caráter humanista, voltada não para a formação técnica, mas para a formação do indivíduo e do cidadão do futuro.

*Fonte: Jobert Gaigher, músico e instrumentista, coordenador executivo do Programa e-SOM, da Quanta Educacional, projeto piloto, que visa a inclusão digital e musical dos alunos brasileiros. – 

15/08/2011 – JORNAL DA TARDE – PÁGINA 2A


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